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Crise Financeira à Porta? Perceba Como a Falta de Liquidez Pode Desencadear a Próxima Crise Financeira Global! (Parte 1)

A "seca" de dinheiro nos mercados financeiros é vista por analistas como o principal sinal de alarme. Saiba como a crise de liquidez funciona e porque é que pode ser o detonador da próxima grande convulsão económica mundial.

Rui Muniz Ferreira Rui Muniz Ferreira Jornalista de Economia e Educação | Porttugal
12 Minutos
2025-05-13 09:56:00
Crise Financeira à Porta? Perceba Como a Falta de Liquidez Pode Desencadear a Próxima Crise Financeira Global! (Parte 1)

Possíveis Gatilhos de uma Nova Crise Financeira em 2025

Entre o primeiro e o início do segundo semestre de 2025, surgem preocupações crescentes sobre uma possível nova crise financeira. Analistas e formuladores de políticas olham com cautela para vulnerabilidades tanto no sistema financeiro tradicional quanto no mercado de criptoativos. Após um período de recuperação econômica pós-pandemia e de inflação elevada seguida por políticas monetárias contracionistas, o cenário atual combina juros altos, valorizações de ativos potencialmente excessivas e tensões geopolíticas – um coquetel que pode desencadear instabilidades. Este relatório traz uma investigação detalhada desses potenciais gatilhos de crise, abrangendo projeções de economistas, indicadores de risco financeiros, eventos geopolíticos-chave e riscos específicos no universo cripto. Estruturamos a análise em seções temáticas, seguidas de uma tabela comparativa dos principais riscos com sua probabilidade estimada e impacto previsto. Por fim, discutimos as possíveis consequências de uma crise para investidores individuais e para o panorama macroeconômico, fornecendo uma visão abrangente dos desafios que podem se materializar em 2025.

Projeções de Analistas e Instituições Financeiras

Diversos analistas financeiros, economistas e instituições renomadas alertam para a possibilidade de uma desaceleração pronunciada ou mesmo recessão em 2025 – que poderia servir de precursor a uma crise financeira mais ampla. Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, estima em mais de 50% a chance de uma recessão global iniciando em 2025, apontando as políticas comerciais protecionistas (tarifas) como principal catalisador. De modo similar, o JPMorgan elevou para 60% a probabilidade de recessão global, em grande parte devido ao aumento das tarifas norte-americanas e seus efeitos adversos no ambiente de negócios.

Essas preocupações não se limitam aos consultores econômicos: agências de risco e bancos de investimento também sinalizam um horizonte carregado. Torsten Sløk, economista-chefe da Apollo Global Management, avaliou em 90% a probabilidade de recessão nos EUA em 2025, possivelmente já começando no meio do ano, dado o forte impacto que tarifas e custos crescentes teriam sobre pequenas e médias empresas. Essa visão pessimista – ainda que mais extrema – reforça a ideia de que os choques em curso (como guerra comercial) estão erodindo as bases do crescimento.

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No plano institucional, os relatórios econômicos recentes fornecem contexto adicional. O Fundo Monetário Internacional (FMI), em seu relatório Global Financial Stability Report de abril de 2025, avaliou que os riscos à estabilidade financeira global aumentaram significativamente, reflexo do aperto das condições financeiras e da elevada incerteza nas políticas econômicas e comerciais. Esse relatório destaca três vulnerabilidades principais no horizonte:

(1) valorações esticadas em segmentos-chave (bolsas e crédito corporativo) – mesmo após correções recentes, muitos preços de ativos permanecem em níveis historicamente elevados.

(2) instituições financeiras altamente alavancadas e sua interconexão com os bancos, elevando o potencial de contágio.

(3) sustentabilidade da dívida soberana em países altamente endividados, que enfrentam custos maiores de financiamento. Em suma, analistas e organismos internacionais convergem na percepção de riscos crescentes em 2025, ainda que variem quanto ao timing e à gravidade de um possível choque.

Indicadores de Risco no Sistema Financeiro Tradicional

Os mercados financeiros tradicionais emitem sinais de alerta que costumam preceder crises. A volatilidade implícita medida pelo índice VIX (conhecido como “índice do medo” do mercado de ações) disparou em 2025. Em abril, o VIX ultrapassou a marca de 40 pontos, um nível raramente observado fora de episódios de crise, indicando um grau elevado de temor dos investidores. Segundo gestores de portfólio, um VIX acima de 40 reflete não apenas uma correção rotineira, mas preocupação com riscos de crédito e de liquidez que poderiam gerar contágio entre diversos ativos. Esse salto na volatilidade ocorreu em paralelo a um sell-off acentuado nas bolsas – o S&P 500, por exemplo, acumulava queda de quase 14% no ano em abril, incluindo um tombo diário de 6% que quase acionou os circuit breakers das bolsas americanas.

Outros indicadores de estresse financeiro confirmam a deterioração do sentimento. Os spreads de crédito – diferença de rendimento entre títulos corporativos de alto risco e títulos do Tesouro dos EUA – ampliaram-se para mais de 400 pontos-base (4 pontos percentuais), atingindo o maior patamar desde 2023. Esse alargamento do spread indica que investidores exigem prêmios de risco bem maiores para emprestar a empresas, sinalizando apreensão quanto a inadimplências corporativas em ambiente de juros altos e crescimento fraco. Ademais, a curva de juros apresentou inversões pronunciadas nos últimos trimestres: em determinado momento, o rendimento do título do Tesouro de 3 meses superou o do título de 10 anos, configurando a clássica inversão de curva que historicamente antecede recessões nos EUA.

Embora esse sinal não seja garantia de crise, ele reflete expectativas de que a política monetária apertada de curto prazo acabará por arrefecer significativamente a economia no médio prazo. De fato, com os temores recentes, observou-se uma rápida queda nos yields de longo prazo: o retorno do Treasury de 10 anos caiu para cerca de 3,86% (mínima de seis meses) em abril, à medida que investidores correram para ativos considerados seguros. Essa migração para títulos do governo (fazendo seus preços subirem e os yields caírem) é típica de períodos de aversão a risco, e sugere que o mercado já precifica uma desaceleração econômica acentuada e possíveis cortes de juros mais adiante.

Pressões no Setor Bancário e Liquidez

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O setor bancário – coração do sistema financeiro tradicional – enfrenta 2025 em uma posição mista. Por um lado, os grandes bancos internacionais reforçaram capital e liquidez desde a última crise global, e até o início do ano a maioria mantinha colchões robustos de ativos líquidos e captação estável, conforme relatórios de estabilidade financeira dos principais bancos centrais. Por outro lado, bancos médios e regionais vêm sentindo pressão considerável em segmentos específicos, notadamente no crédito imobiliário comercial.

Nos EUA, com a rápida alta dos juros desde 2022 e mudanças estruturais (como trabalho remoto reduzindo a demanda por escritórios), o mercado de Commercial Real Estate (CRE) se enfraqueceu, elevando riscos para os credores. As taxas de inadimplência em empréstimos CRE atingiram 1,57% no quarto trimestre de 2024, a maior em 10 anos, sinalizando estresse crescente nesse mercado. Embora esse percentual ainda pareça baixo em termos absolutos, o salto é notável e o volume em dólares de empréstimos problemáticos ultrapassou US$ 47 bilhões, quase dobrando em comparação a 2014.

Ademais, a exposição concentrada de alguns bancos a imóveis comerciais é motivo de preocupação regulatória. 59 dos 158 maiores bancos americanos reportaram, no final de 2024, uma exposição a empréstimos imobiliários comerciais superior a 300% de seu capital próprio – nível considerado excessivo pelos padrões supervisórios dos EUA. Entre essas instituições em posição vulnerável estão bancos regionais de porte considerável (como Flagstar, Zions, Synovus, entre outros). Esse grau de concentração significa que uma deterioração adicional nos preços de escritórios, shopping centers ou galpões industriais poderia gerar perdas significativas e erosão de capital nessas instituições.

Cientes disso, reguladores vêm pressionando para que os bancos reduzam essas exposições, mas fazê-lo de forma rápida é um desafio: vender carteiras de empréstimo problemáticos ou executar garantias em massa poderia precipitar uma crise de confiança. Assim, muitos adotam a estratégia de “extend and pretend” – estendendo prazos ou renegociando termos dos empréstimos, na esperança de ganhar tempo para uma eventual recuperação do mercado. Embora tal abordagem adie o reconhecimento de perdas, ela também prolonga a vulnerabilidade, lembrando os precedentes de crises onde problemas foram postergados até se tornarem sistêmicos.

No tocante à liquidez de mercado, até agora os fundos monetários e mercados de financiamento mantiveram relativa calma, mesmo durante os episódios de volatilidade de abril. Relatos do Federal Reserve indicam que a estrutura de financiamento de curto prazo permaneceu funcional e sem sinais de corridas a bancos durante a onda de vendas, graças em parte às reformas pós-2008 que tornaram esses mercados mais resilientes. Ainda assim, a combinação de alavancagem elevada fora do setor bancário e possíveis vendas forçadas de ativos preocupa as autoridades.

O Federal Reserve apontou, por exemplo, que o crédito bancário a instituições não bancárias (hedge funds, private equity, etc.) subiu para US$ 2,3 trilhões, e que níveis historicamente altos de alavancagem em certos hedge funds poderiam amplificar choques de mercado. Em resumo, o sistema bancário tradicional de 2025 é mais seguro que em 2008 em muitos aspectos, porém pontos de pressão como o setor imobiliário comercial e interconexões com entidades altamente alavancadas representam canais potenciais de crise que merecem atenção.

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Riscos Geopolíticos e Macroeconômicos Globais

A geopolítica figura entre os principais gatilhos potenciais para uma crise em 2025. Eventos internacionais podem rapidamente minar a confiança, perturbar fluxos comerciais e desencadear choques de preços de commodities, com consequências financeiras sistêmicas. Destacam-se três frentes de risco: disputas comerciais (guerra tarifária), conflitos militares (especialmente envolvendo grandes potências) e sanções/barras comerciais amplas.

Guerra Comercial e Barreiras Comerciais

As tensões comerciais entre Estados Unidos e China – as duas maiores economias do mundo – intensificaram-se, reacendendo temores de uma “guerra comercial” em escala global. No início de 2025, os EUA anunciaram rodadas de tarifas punitivas sobre importações, surpreendendo pela agressividade. De acordo com o FMI, uma série de anúncios tarifários a partir de fevereiro culminou em abril com planos de tarifas ainda maiores do que o esperado, o que desencadeou forte repricing nos mercados: bolsas caíram abruptamente e a volatilidade disparou após essas medidas. Essa escalada protecionista levou analistas a afirmarem que as “tarifas se tornaram o risco número um” para a economia, suplantando outras preocupações. A reação não veio só dos EUA – parceiros comerciais atingidos retaliaram, ampliando a incerteza. Esse vaivém de tarifas e contra-tarifas não apenas deprime o comércio global, mas também prejudica investimentos, dada a dificuldade de empresas precificarem cadeias de suprimento e custos futuros.

Os impactos macroeconômicos de uma guerra comercial podem ser severos. O OECD alertou que as tarifas americanas em vigor reduzirão o crescimento econômico não só nos EUA, mas também em parceiros como Canadá e México, ao mesmo tempo em que pesam sobre a demanda global de energia (menos comércio = menos necessidade de transporte e produção). O Federal Reserve, por sua vez, reconheceu que as novas tarifas são “maiores do que o previsto” e provavelmente terão efeitos econômicos igualmente maiores, combinando inflação mais alta com crescimento mais lento.

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Essa combinação sugere um cenário de estagflação moderada: empresas repassando custos de importação mais altos aos preços (pressionando a inflação), enquanto consumidores reduzem gastos diante de produtos mais caros e menor poder de compra, freando o PIB. Não à toa, autoridades monetárias já enfrentam pressão política – o Presidente dos EUA chegou a afirmar que este é o “momento perfeito” para cortes de juros, tentando compensar via estímulo monetário os estragos causados pela política comercial.

Do ponto de vista financeiro, incerteza comercial elevada tende a corroer o apetite a risco. O FMI notou que a incerteza em políticas econômicas e comerciais em 2025 permanece em patamar extremo, servindo de gatilho para correções nos preços de ativos caso o panorama se deteriore. Em outras palavras, enquanto não houver uma resolução ou “trégua” na disputa tarifária, os mercados permanecerão suscetíveis a episódios de volatilidade e aversão a risco – cada nova ameaça tarifária ou revés em negociações pode ser o estopim de uma venda massiva de ativos, potencialmente desequilibrando segmentos fragilizados do sistema financeiro.

Conflitos Geopolíticos (China–Taiwan e Oriente Médio)

Além da guerra comercial, potenciais conflitos militares apresentam riscos de baixa probabilidade porém alto impacto catastrófico – os típicos black swans que poderiam desencadear uma crise global de grandes proporções. O cenário que mais preocupa analistas é uma possível confrontação entre China e Taiwan. Embora nenhum conflito desse porte esteja precificado pelos mercados dada sua improbabilidade, instituições vêm tentando mensurar as consequências caso ocorresse. Estimativas da Bloomberg Economics apontam que uma guerra por Taiwan custaria à economia mundial cerca de US$ 10 trilhões em perdas. Esse choque superaria, em impacto sobre o PIB global, qualquer crise recente.

Um estudo do Federal Reserve de St. Louis corrobora que um conflito armado envolvendo Taiwan e China resultaria em desorganização maciça do comércio internacional, fuga para ativos seguros e possíveis problemas bancários generalizados. Taiwan é responsável por parcela crucial da produção global de semicondutores avançados – um conflito interromperia esse suprimento, afetando indústrias do mundo inteiro (de eletrônicos a automóveis), alimentando inflação de bens industriais ao mesmo tempo que paralisaria fábricas por falta de insumos. Haveria uma corrida para segurança: investidores se refugiariam em dólar, franco suíço, ouro, Treasuries dos EUA, etc., possivelmente derrubando mercados acionários globalmente de 20-30% em pouco tempo, a depender da duração e extensão do confronto.

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Sanções contra a China e contra os EUA seriam prováveis, fragmentando ainda mais o sistema comercial e financeiro global. Em resumo, um conflito China–Taiwan seria devastador para o panorama macroeconômico, combinando choque de oferta, colapso de demanda e tensão financeira – um verdadeiro gatilho de crise sistêmica global (a pior realização possível entre os riscos aqui discutidos).

No Oriente Médio, os riscos geopolíticos não são menores, embora de natureza distinta. A região concentra grandes produtores de petróleo e gás, de forma que qualquer escalada militar significativa poderia resultar em um choque de petróleo – fenômeno historicamente associado a crises (como nos anos 1970). Em 2025, a instabilidade envolve múltiplos focos: tensões entre Israel e Irã, guerra civil persistente em partes do mundo árabe, e conflitos por procuração como no Iêmen.

No início do ano, por exemplo, ataques de grupos Houthi (apoiados pelo Irã) a navios no Mar Vermelho elevaram os prêmios de risco no transporte de petróleo. Os EUA responderam com ataques a posições dos Houthi e deixaram claro que responsabilizariam o Irã por quaisquer interrupções ao tráfego marítimo. Esse tipo de confronto indireto poderia escalar: uma ação militar direta dos EUA contra o Irã (por seu programa nuclear ou por agressões a aliados) desencadearia quase certamente retaliações que incluiriam a disrupção do Estreito de Ormuz – rota por onde escoa uma parcela enorme do petróleo mundial. O simples temor disso já foi suficiente, em alguns momentos, para que o petróleo Brent saltasse para novas máximas em 2025, antes de recuar conforme diplomacias atuavam e outros fatores (como negociações de paz na Ucrânia) amenizavam o sentimento.

As consequências de um choque de oferta de petróleo seriam inflacionárias e recessivas. Analistas projetam que, caso os preços do petróleo subissem abruptamente para patamares muito elevados (por exemplo, acima de US$ 120/barril) e permanecessem assim por alguns trimestres, a inflação global poderia ganhar fôlego justamente quando os bancos centrais julgavam tê-la controlado. Isso exigiria possivelmente novo aperto monetário ou adiaria os cortes de juros esperados – piorando a contração econômica.

Países importadores de energia teriam deterioração em suas contas externas, possivelmente afetando moedas e aumentando risco de crise em economias emergentes frágeis. Portanto, um conflito no Oriente Médio de larga escala (e com envolvimento de potências globais) seria um grave gatilho de crise financeira, via choque de commodities, aversão a risco e potencial quebra de dívidas soberanas de países vulneráveis a energia cara.

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Sanções e Fragmentação Econômica

Um fator relacionado aos acima é o uso de sanções econômicas e barreiras comerciais amplas como ferramenta geopolítica, o que pode inadvertidamente semear crises. Nos últimos anos, vimos sanções financeiras contra países como Rússia (desconectando bancos russos do SWIFT, por exemplo), controle de exportações de tecnologias sensíveis (EUA restringindo chips avançados à China) e restrições a investimentos externos.

Sanções severas contra uma economia de porte podem ter efeitos colaterais significativos: no caso russo, elas reordenaram fluxos de energia e elevaram preços do gás na Europa em 2022; no caso chinês, uma resposta poderia impactar cadeias de suprimentos de eletrônicos, minerais estratégicos (terras raras) e outros insumos industriais. Assim, um endurecimento súbito de sanções – seja intensificando as existentes contra Rússia/Irã, seja abrindo um novo front – pode criar perturbações de oferta e volatilidade financeira.

Além disso, a fragmentação do comércio global em blocos econômicos hostis (Ocidente de um lado, China/Rússia e aliados de outro, por exemplo) tende a reduzir a eficiência econômica e elevar custos, deprimindo o crescimento de longo prazo. O World Economic Forum alertou, em seu relatório de Riscos Globais 2025, que o mundo adentra uma fase de “divisões crescentes” onde confrontos geoeconômicos e bélicos estão entre os principais temores dos especialistas, com 23% dos respondentes prevendo uma crise global material relacionada a conflitos entre Estados em horizonte de dois anos. Em suma, a geopolítica atua tanto como faísca imediata (um evento agudo que desencadeia pânico) quanto como pressão de fundo (erosão gradual da confiança e da integração econômica) – em ambos os casos aumentando a probabilidade de uma crise financeira se concretizar em 2025.

Riscos Potenciais no Mercado Cripto

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Enquanto os mercados tradicionais lidam com juros altos e guerras comerciais, o mercado de criptoativos apresenta seus próprios possíveis gatilhos de crise – alguns dos quais poderiam retroalimentar a turbulência financeira geral. Entre esses riscos destacam-se: problemas com stablecoins, colapsos em protocolos de Finanças Descentralizadas (DeFi) devido a alavancagem excessiva, e a insolvência de exchanges centralizadas.

Stablecoins e Risco de Colapso de Paridade

As stablecoins – criptomoedas projetadas para manter valor estável atrelado a ativos como o dólar – tornaram-se a espinha dorsal da liquidez em cripto. Em 2025, seu uso cresceu a ponto de o valor de mercado total das stablecoins atingir ~US$ 235 bilhões no início de abril, ultrapassando o recorde anterior de abril de 2022 (que precedeu o colapso da stablecoin TerraUSD). Essa expansão indica uma confiança renovada dos usuários nesse “dinheiro paralelo”, mas também significa que um eventual problema teria alcance maior.

O Financial Stability Report do Federal Reserve (abril/2025) alertou explicitamente que os stablecoins se tornaram “fontes crescentes de risco ao sistema bancário tradicional” e potenciais gatilhos de choques financeiros e corridas (runs). O receio é que, se investidores perderem confiança na capacidade de uma stablecoin resguardar 1:1 o valor em dólar, possam ocorrer resgates massivos – análogos a uma corrida bancária – forçando a liquidação de reservas e impactando mercados tradicionais (especialmente se essas reservas incluírem títulos do Tesouro ou outros instrumentos relevantes).

Para manter a paridade, os emissores dependem de ativos líquidos e seguros; qualquer dúvida sobre a qualidade ou liquidez das reservas (por exemplo, denúncias de lastro insuficiente ou concentrado em ativos de risco) pode desencadear a quebra do peg. Um cenário crítico seria o colapso de uma das maiores stablecoins, como USDT (Tether) ou USDC, o que congelaria a liquidez de todo o ecossistema cripto temporariamente e causaria prejuízos diretos a milhões de usuários.

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Embora até agora stablecoins tenham mantido paridades (salvo casos como o TerraUSD, que era algorítmica), o risco sistêmico percebido é não negligenciável, tanto que legisladores em vários países (EUA, Reino Unido, UE) discutem marcos regulatórios urgentes para esse setor. Em suma, um colapso de stablecoin em 2025 seria um gatilho significativo de crise dentro do mercado cripto e, indiretamente, poderia afetar o sistema financeiro mais amplo se fundos de investimento ou instituições tivessem exposições consideráveis.

DeFi, Alavancagem e Tokens Sintéticos

No âmbito das finanças descentralizadas (DeFi), a inovação financeira caminha lado a lado com riscos de engenharia financeira complexa. Muitos protocolos DeFi oferecem alto rendimento usando estratégias de empréstimo, yield farming e derivativos que envolvem alavancagem elevada – frequentemente não transparente para o investidor médio. Isso cria a possibilidade de liquidações em cascata: se o valor dos colaterais cai abruptamente (por exemplo, numa queda generalizada de preços de criptos), posições alavancadas são liquidadas automaticamente, empurrando os preços ainda mais para baixo e levando a novas liquidações, num efeito dominó.

Adicionalmente, existem tokens sintéticos e stablecoins algorítmicas que buscam manter paridade sem reservas fiduciárias plenas, usando incentivos de mercado e outros criptoativos como garantia. Esses modelos, como se viu em 2022, podem ser instáveis. O caso paradigmático foi o colapso do ecossistema Terra/Luna: a stablecoin algorítmica UST perdeu a paridade e entrou em espiral da morte, destruindo mais de US$ 40 bilhões em valor de mercado em questão de dias.

Esse episódio não apenas evaporou riquezas de investidores, mas também abalou a confiança no setor cripto como um todo, precipitando um bear market prolongado em 2022-2023. Em 2025, embora muitos desses esquemas arriscados tenham sido evitados pelos investidores mais cautelosos, novas inovações ou reincidência de apostas alavancadas (por exemplo, em protocolos de empréstimo cross-chain, ou em tokens lastreados em ativos sintéticos) podem voltar a ganhar tração durante períodos de otimismo – e implodir quando as condições mudam.

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Portanto, um colapso em larga escala de um protocolo DeFi ou de tokens muito alavancados permanece um gatilho possível de crise dentro do universo cripto, com repercussão externa limitada mas não nula (dada a crescente participação de investidores institucionais nesse mercado).

Exchanges Centralizadas e Custódia de Cripto

Por fim, exchanges centralizadas de criptomoedas representam um ponto de risco concentrado. Essas plataformas custodiam ativos de milhões de clientes e, apesar de operarem fora do perímetro regulatório bancário, funcionam de forma análoga a bancos no sentido de que mantêm passivos de curto prazo (saldos sacáveis dos clientes) contra ativos muitas vezes ilíquidos ou voláteis. A falência repentina de uma grande exchange pode causar pânico generalizado entre investidores de varejo, congelamento de ativos (durante processos de falência) e perdas permanentes.

Um exemplo recente foi a implosão da FTX em novembro de 2022, que expôs fraudes e falta de reservas, levando à perda de fundos de milhares de clientes e spillover para outras empresas cripto. Esse evento foi descrito como parte do “momento Minsky das criptos”, em que mais de uma dúzia de grandes empresas do setor quebraram em cadeia no final de 2022. Felizmente, o contágio ficou largamente contido dentro do universo cripto, não causando impacto material em mercados tradicionais – em parte porque bancos e instituições não estavam fortemente expostos à FTX ou seus tokens.

Contudo, em 2025, se outra exchange de porte sistemicamente importante (por exemplo, Binance ou Coinbase) enfrentar insolvência, os efeitos poderiam ser mais amplos. Primeiro, porque o mercado cripto como um todo está mais interconectado com o mainstream do que em 2022; segundo, porque uma quebra assim, ocorrendo talvez simultaneamente a um momento de fragilidade macroeconômica, poderia erodir ainda mais a confiança dos investidores em ativos de risco de forma geral. Reguladores estão atentos – alguns países já exigem segregação de ativos de clientes e auditorias regulares. Ainda assim, riscos operacionais (hackers) e riscos financeiros (alavancagem interna, tokens emitidos pela própria exchange) persistem.

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Portanto, a insolvência de uma grande exchange ou um grande hack constituem outro gatilho possível de crise, principalmente afetando o mercado cripto, mas com potencial de amplificar um clima de aversão ao risco global se coincidirem com outros choques.

Comparativo dos Principais Riscos Identificados

A tabela a seguir resume os principais riscos de crise financeira entre o início e meados de 2025, com uma estimativa de probabilidade de ocorrência e o impacto previsto caso se materializem:

Nota: As probabilidades são estimativas aproximadas com base em opiniões de analistas e condições vigentes até Q2 2025. Os impactos previstos assumem cenário de pior caso em cada categoria, podendo variar conforme as respostas políticas e de mercado.

Veja a continuação desta análise na Parte 2 aqui neste link.