Um investimento na dignidade nacional
Erradicar a pobreza em Portugal é uma meta ambiciosa, mas, segundo especialistas, financeiramente viável. Estudos recentes indicam que eliminar a pobreza no país exigiria um esforço económico de apenas 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), um valor inferior ao impacto social e económico da sua persistência.
De acordo com a Fundação Francisco Manuel dos Santos, a taxa de risco de pobreza em Portugal situava-se em 16,6% em 2023, afetando cerca de 1,76 milhões de pessoas. Este número representa uma ligeira melhoria face aos anos anteriores, mas ainda coloca Portugal entre os países da União Europeia com maior incidência de pobreza.
A pobreza não afeta apenas os desempregados ou os idosos. Cerca de 900 mil trabalhadores em Portugal vivem em situação de pobreza absoluta, o que representa 8,9% da população ativa. Além disso, aproximadamente 100 mil pessoas vivem em agregados familiares que não dispõem de rendimento suficiente para garantir uma dieta alimentar adequada, sendo as crianças e os estrangeiros os grupos mais afetados.
O custo social e económico da pobreza é elevado. A persistência da pobreza gera perdas de produtividade, aumenta os gastos com saúde e assistência social e perpetua ciclos de exclusão social. Investir 1,3% do PIB na erradicação da pobreza não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia económica inteligente.
A Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, aprovada em 2021, estabelece metas claras para reduzir a pobreza em Portugal. No entanto, os dados mais recentes indicam que os progressos têm sido limitados, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, como as famílias monoparentais e os desempregados.
Para alcançar a erradicação da pobreza, é necessário um compromisso político firme e investimentos sustentados em políticas sociais eficazes. Medidas como o aumento do salário mínimo, o reforço das prestações sociais e o acesso a serviços públicos de qualidade são essenciais para quebrar o ciclo da pobreza e promover a inclusão social.
Erradicar a pobreza em Portugal é uma tarefa complexa, mas não impossível. Com um investimento de 1,3% do PIB, o país pode dar um passo decisivo rumo a uma sociedade mais justa e equitativa, onde todos tenham a oportunidade de viver com dignidade.