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Educação Ambiental nas Escolas Rurais: Sementes de Sustentabilidade a Florescer no Interior de Portugal

Em aldeias e vilas portuguesas, projetos educativos inovadores estão a transformar crianças em guardiões do ambiente, promovendo práticas sustentáveis e fortalecendo a ligação entre comunidade e natureza.

Rui Muniz Ferreira Rui Muniz Ferreira Jornalista de Economia e Educação | Porttugal
5 Minutos
2025-05-06 09:39:00
Educação Ambiental nas Escolas Rurais: Sementes de Sustentabilidade a Florescer no Interior de Portugal

Educação Ambiental nas Escolas Rurais: Sementes de Sustentabilidade a Florescer no Interior de Portugal

No coração do Portugal rural, onde a terra ainda se trabalha com as mãos e os velhos saberes passam de geração em geração, uma nova revolução está a brotar entre as carteiras escolares. É uma revolução verde, silenciosa mas determinada, que germina entre cadernos, hortas e conversas sobre o futuro do planeta. Falamos da educação ambiental nas escolas rurais portuguesas, que de forma discreta mas profunda, está a semear consciências e a cultivar um compromisso genuíno com a sustentabilidade.

Na vila alentejana de Serpa, a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural (EPDRS) é um exemplo vibrante deste movimento. Integrada no programa Eco-Escolas desde 2009, esta instituição abraçou a missão de educar para a sustentabilidade através de práticas concretas. Os alunos, vindos maioritariamente de contextos familiares ligados à agricultura e pecuária, têm agora aulas em estufas ecológicas, cuidam de hortas biológicas, participam em programas de compostagem e desenvolvem projetos de reaproveitamento de óleos alimentares usados.

Segundo dados da ABAE (Associação Bandeira Azul da Europa), mais de 1700 escolas em Portugal estão actualmente registadas no programa Eco-Escolas, das quais cerca de 600 são de territórios considerados rurais ou de baixa densidade populacional. Em 2023, mais de 700 mil alunos estiveram envolvidos directamente em acções ambientais, um número que traduz bem a adesão crescente à causa ambiental no sector da educação.

Na pequena freguesia de Malcata, concelho do Sabugal, uma escola básica com apenas 38 alunos dinamiza, com o apoio da Junta de Freguesia e da Liga para a Protecção da Natureza, um programa de monitorização de fauna local, onde as crianças aprendem a identificar aves, a ler pegadas e a perceber o impacto da acção humana sobre os ecossistemas.

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O que torna estes projectos verdadeiramente transformadores é o modo como envolvem toda a comunidade. Em Vendas Novas, no distrito de Évora, a Câmara Municipal tem apoiado as escolas básicas e secundárias com materiais pedagógicos, financiamento de oficinas ecológicas e organização de feiras sustentáveis abertas à população.

Maria João Rabaça, professora do Agrupamento de Escolas de Vendas Novas, explica: “Há uns anos, o lixo era um tema invisível. Hoje temos crianças que corrigem os pais quando vêm plástico no contentor errado. Isto é educação ambiental na prática.”

O impacto não se faz sentir apenas em sala de aula. Em aldeias como Carregal do Sal (Viseu), os projectos escolares deram origem a hortas comunitárias, partilhadas entre alunos, professores e moradores locais. Algumas destas hortas, mantidas com rega por gotejamento e fertilização orgânica, servem também como fonte de produtos para cantinas escolares, promovendo a alimentação saudável e local.

Como seria de esperar, os desafios são muitos. A escassez de recursos, a dificuldade em aceder a formação especializada e a falta de infra-estruturas são limitações reais para muitas escolas do interior. No entanto, a criatividade tem sido a principal aliada.

Em Oleiros, distrito de Castelo Branco, um grupo de professores organizou campanhas de recolha de equipamentos em desuso para criar um "laboratório de reciclagem criativa". Ali, alunos aprendem a construir instrumentos musicais com garrafas PET, a fazer brinquedos com latas e a transformar restos de tecidos em objetos decorativos.

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Do lado institucional, a Direção-Geral da Educação tem reforçado o apoio à formação docente na área ambiental, com a criação de módulos específicos e parcerias com universidades, como é o caso da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que desenvolve acções conjuntas com escolas da região.

É precisamente nesta ligação entre território, cultura local e saber ambiental que reside a força da educação ambiental no Portugal rural. Não se trata apenas de ensinar a reciclar ou a plantar uma árvore. Trata-se de criar um sentimento de pertença, de cuidar do lugar onde se vive, de respeitar o ritmo da natureza e de reconhecer que o futuro se constrói, passo a passo, com as mãos na terra e os olhos no horizonte.

Com a consciência ambiental a germinar desde cedo, estas escolas estão a formar os jardineiros do amanhã — jovens que crescerão com valores enraizados na responsabilidade ecológica, prontos para florescer e fazer florescer as suas comunidades.