Um estudo recente da Pordata, divulgado a propósito do Dia do Trabalhador, revela que os trabalhadores portugueses apresentam níveis de escolaridade superiores aos dos empregadores. Cerca de 34% dos trabalhadores possuem pelo menos o ensino superior, comparativamente a 28% dos empregadores. No entanto, esta qualificação não se reflete necessariamente em melhores remunerações. O estudo indica que aproximadamente um quarto dos trabalhadores (22,8%) recebe o salário mínimo nacional, sendo este o décimo mais baixo entre os 22 países da União Europeia com salário mínimo, quando ajustado ao poder de compra.
A disparidade é ainda mais acentuada entre determinados grupos: 27,1% das mulheres, 36,1% dos jovens, 32,9% dos trabalhadores com escolaridade até ao ensino básico e 38% dos trabalhadores estrangeiros auferem o salário mínimo. Além disso, o estudo destaca que Portugal tem a maior proporção de empregadores com apenas o ensino básico ou sem escolaridade (42%) entre os 23 países da UE com dados disponíveis, contrastando com a média europeia de 16%.
O número de trabalhadores estrangeiros em Portugal quase triplicou na última década, atingindo 302 mil, a maioria oriunda de países fora da União Europeia. Este aumento representa mais 197 mil trabalhadores estrangeiros face a 2014. Apesar do crescimento da força de trabalho qualificada, o salário médio anual em Portugal permanece entre os mais baixos da UE, situando-se em 22.293 euros, valor inferior ao de países como Espanha, onde o salário médio é 30% superior.
Entre 2019 e 2023, o salário médio em Portugal aumentou 24% em termos nominais, enquanto os preços das habitações subiram 45% no mesmo período, segundo o Índice de Preços da Habitação. Este desfasamento entre salários e custo de vida agrava as dificuldades económicas enfrentadas por muitos trabalhadores, mesmo aqueles com níveis de escolaridade elevados.