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Israel vs. Irão: O Médio Oriente em Risco de Incêndio Total e Sem Saber Onde Vai Dar

Guerra anunciada entre duas potências do Médio Oriente ameaça alastrar-se, alterar equilíbrios regionais e arrastar o mundo para uma nova era de instabilidade.

Manoel Filipe Carvalho Manoel Filipe Carvalho Jornalista de Política Nacional e Internacional | Porttugal
6 Minutos
2025-06-17 14:26:00
Israel vs. Irão: O Médio Oriente em Risco de Incêndio Total e Sem Saber Onde Vai Dar

ISRAEL X IRÃO: UMA GUERRA DECRETADA, UMA REGIÃO À BEIRA DO ABISMO

Na Deep Report News, custa-nos escrever sobre guerras. Não porque nos falte coragem ou vontade de informar, mas porque cada linha escrita sobre um conflito armado carrega o peso de vidas perdidas, sonhos despedaçados e um futuro adiado. Mas quando os mísseis substituem os discursos, quando o silêncio das negociações é interrompido pelo estalar das bombas, torna-se imperativo contar o que está a acontecer, doa a quem doer.

Sete dias que mudaram o curso do Médio Oriente

Tudo começou a 4 de Junho de 2025, quando três instalações nucleares iranianas em Natanz, Arak e Fordow foram atingidas por uma série coordenada de ataques aéreos atribuídos a Israel. As primeiras 48 horas revelaram a magnitude do embate: mais de 300 mortos, incluindo civis, dezenas de militares feridos e infraestruturas vitais destruídas. A agência iraniana Mehr classificou os ataques como "declaração formal de guerra". Israel, por seu turno, justificou as acções como "legítima defesa preventiva".

As reacções internacionais não se fizeram esperar. O Conselho de Segurança da ONU convocou reuniões extraordinárias, a União Europeia apelou à contenção e o Papa Francisco lamentou "o novo banho de sangue que se instala onde já não havia paz". Países como a Turquia e a China, embora tradicionalmente discretos, manifestaram preocupação activa e pediram um cessar-fogo imediato. A diplomacia suíça já propôs Genebra como palco de uma eventual mediação, ainda que sem grandes adesões até ao momento.

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Israel e Irão: o embate de duas visões do mundo

Para se compreender a gravidade deste conflito, é necessário recuar no tempo e entender que Israel e o Irão não são apenas dois Estados rivais; representam visões profundamente distintas do papel do Estado, da religião e da influência no Médio Oriente. A rivalidade, que remonta à Revolução Islâmica de 1979, foi alimentada por décadas de acusações mútuas, operações de espionagem, assassinatos selectivos e apoio a milícias adversárias.

Israel, com uma população de cerca de 9,7 milhões de habitantes, tem em Telavive e Jerusalém centros político-militares que lideram com punho de ferro e sofisticada tecnologia de defesa, como o Domo de Ferro. Além disso, conta com o apoio tácito dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outros aliados da NATO. Em contrapartida, o Irão, com 88 milhões de habitantes, enfrenta uma crise económica galopante, inflação acima dos 40% e sanções que asfixiam sectores como energia, transportes e acesso a bens essenciais. Ainda assim, mantém-se resiliente, alimentado por uma retórica anti-imperialista e por uma teia de alianças regionais que inclui o Hezbollah, o Hamas e os Houthis.

Os protagonistas no terreno: da diplomacia à guerra total

Israel mobilizou mais de 150 mil reservistas nas primeiras 72 horas. Segundo o Haaretz, 22 bases militares foram colocadas em alerta máximo. O Irão, por seu turno, activou a Guarda Revolucionária Islâmica (GRI), um dos corpos mais temidos da região, com cerca de 125 mil homens treinados e suporte de milícias como o Hezbollah e os Houthi do Iémen. Fontes no terreno relatam combates intensos nas zonas fronteiriças da Síria, bem como ataques cibernéticos em larga escala a infraestruturas críticas.

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A Universidade de Teerão estima que, só nos primeiros cinco dias, mais de 900 milhões de euros foram gastos em operações militares. Em Telavive, analistas do Instituto para Estudos de Segurança Nacional prevêm um orçamento militar extra de cerca de 3 mil milhões de euros. Esta guerra moderna não se faz apenas de balas e bombas, mas de algoritmos, propaganda digital e bloqueios informáticos estratégicos.

O impacto nas populações: vidas suspensas entre sirenes e escombros

Em cidades como Haifa, Telavive e Be'er Sheva, os abrigos anti-bomba voltaram a ser o lugar mais frequentado pelas crianças. Na cidade iraniana de Isfahan, a população enfrenta apagões constantes, escassez de medicamentos e filas intermináveis por combustível. A Cruz Vermelha Internacional estima que mais de 1,2 milhão de pessoas estejam deslocadas internamente em ambos os países. O número poderá duplicar se o conflito escalar para envolvimento directo de outras potências regionais.

É o caso de Lian Naderi, professora primária em Qom, que viu a sua escola ser atingida por estilhaços e teve de refugiar-se com os filhos numa cave improvisada. "Já não sabemos quando vai acabar. Estamos a viver um dia de cada vez, como num pesadelo interminável". A ONG Save the Children alerta para um número crescente de crianças a sofrer de stress pós-traumático, um fenómeno tristemente comum em zonas de guerra prolongada.

Os equilíbrios globais ameaçados

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Com a escalada do conflito, outros actores internacionais tomam posições. Os Estados Unidos reforçaram a sua base militar em Ramstein, Alemanha, e deslocaram dois porta-aviões para o Mar Mediterrâneo. A Rússia, apesar de envolvida na guerra na Ucrânia, declarou que "responderá severamente" a qualquer ameaça à sua influência no eixo Teerão-Damasco-Beirute. A Índia, tentando manter neutralidade estratégica, apelou à criação urgente de um corredor humanitário.

Entretanto, o preço do barril de petróleo Brent ultrapassou os 120 dólares, e o Fundo Monetário Internacional já reviu em baixa as previsões de crescimento global para 2025, antecipando impactos na cadeia de abastecimento, subida dos juros e desaceleração em economias emergentes. As bolsas asiáticas registaram quedas abruptas e os mercados de capitais europeus estão em alerta vermelho.

Portugal e a posição cautelosa da Europa

Em Lisboa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros expressou "profunda preocupação" e convocou uma reunião com o Conselho de Defesa Nacional. Portugueses residentes em Israel estão a ser repatriados através de voos fretados via Chipre. Na comunidade judaica de Lisboa, com cerca de 3 mil membros, o ambiente é de ansiedade e oração. Já a comunidade muçulmana portuguesa também se mostrou preocupada com a retaliação e tem apelado ao diálogo inter-religioso para que não se generalize o ódio.

A União Europeia, embora dividida quanto à aplicação de sanções bilaterais, já accionou um pacote de ajuda humanitária de 150 milhões de euros para ONGs em territórios afectados. Bruxelas também activou mecanismos de vigilância cibernética por receio de ciberataques colaterais a infraestruturas críticas em solo europeu.

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E agora?

Não há vencedores em guerras como esta. Apenas destroços. O conflito entre Israel e o Irão não é um duelo de gladiadores modernos, é o colapso de décadas de diplomacia falhada, de alianças feitas em cima de interesses voláteis e de lideranças que optaram por confrontos em vez de consensos. A História voltará a julgar os responsáveis por esta tragédia, mas, como sempre, será o povo a pagar o preço mais alto.

E enquanto os tanques se movem, os bombardeiros sobrevoam o deserto e os civis escondem-se nos subterrâneos, fica a pergunta: quantas vidas mais serão precisas para o mundo perceber que a paz não se constrói com armas?