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Trump Quer Mudar a Agulha da Economia: A "Aposta Americana" Para Menos Importações e Mais Fábricas Lá Dentro

O ex-Presidente dos EUA insiste na receita de muros às importações e tapete vermelho à produção nacional, num discurso que volta a aquecer a guerra comercial e deixa o resto do mundo, Portugal incluído, a fazer contas à vida.

Manoel Filipe Carvalho Manoel Filipe Carvalho Jornalista de Política Nacional e Internacional | Porttugal
3 Minutos
2025-05-05 19:03:00
Trump Quer Mudar a Agulha da Economia: A "Aposta Americana" Para Menos Importações e Mais Fábricas Lá Dentro

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não larga o osso. No que toca à economia americana, a sua toada é sempre a mesma: acabar com o "festival" das importações e puxar pela indústria nacional para pôr a malta a trabalhar lá para os lados da América. É a velha receita que, mesmo fora da Casa Branca, ele continua a bater na mesma tecla, e que agora, com a hipótese de uma nova corrida presidencial, volta a ganhar balanço e deixa o mundo, e Portugal com ele, a fazer contas à vida.

A ideia é simples como o pão e a água, pelo menos na teoria que Trump defende com unhas e dentes: desgraçar o que chega de fora para que os americanos comprem o que é feito cá dentro. Isto significa, na prática, pôr impostos valentes (as tais tarifas) sobre os produtos que vêm de outros países. Basta ver a barraca que ele armou logo a 5 de maio de 2025, ao ameaçar com tarifas pesadas sobre filmes produzidos no estrangeiro – um exemplo preto no branco do que ele tem na cabeça para outras áreas da economia, da siderurgia aos automóveis, passando pela tecnologia e agora, pelos vistos, até o cinema e a cultura.

Trump quer mudar a agulha. Acredita, e repete isso vezes sem conta, que a América perdeu o norte com os acordos comerciais que permitiram às empresas americanas arrumar as malas e ir produzir para sítios onde a mão-de-obra é mais barata. O resultado, segundo ele, foram as fábricas a fechar portas nos EUA e milhões de postos de trabalho a voar para o estrangeiro. A solução? Pôr fim a essa brincadeira. Criar condições (ou apertar a corda a quem for preciso) para que as empresas voltem para casa e criem empregos nos EUA.

Para puxar pela produção cá dentro, a receita não passa só por lixar quem importa. Passa também por dar benesses (incentivos) à indústria nacional, aliviar a carga fiscal para quem produz nos EUA e meter na cabeça dos americanos que comprar o que é "Made in USA" é o que lhes vale. É a velha máxima do "America First" levada às últimas consequências, onde o bem-estar interno se sobrepõe, sem grandes melindres, às regras do comércio internacional que o mundo tanto se esforçou por construir.

Ora, o que isto dá para perceber é que este tipo de política tem sempre dois lados da moeda. Se por um lado pode, hipoteticamente, dar um empurrão a certas indústrias nos EUA e salvar alguns empregos (isto se a teoria bater certo com a prática, o que nem sempre acontece), por outro lado, põe tudo em pantanas no comércio internacional. Os outros países e blocos, como a União Europeia onde Portugal se insere, não vão ficar a olhar para o lado. Vão, muito provavelmente, arranjar forma de retaliar, pondo também tarifas sobre os produtos americanos.

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E é aqui que a coisa pode azedar para a economia global e, claro, para Portugal. A Europa, e Portugal com ela, tem relações comerciais fortes com os EUA. 1 A exportação de bens e serviços para a América é uma fatia importante do nosso bolo económico. Se os EUA começam a apertar o cerco às importações, os nossos exportadores vão sentir na pele os efeitos. As tarifas podem tornar os produtos portugueses mais caros e menos apelativos para os consumidores americanos.  

Além disso, uma guerra comercial a sério entre grandes blocos económicos estraga a confiança dos mercados, mete medo aos investidores e lixa as cadeias de abastecimento globais. Para um país como Portugal, que depende muito do comércio externo e do turismo (que também pode ser afetado por instabilidade económica global), este cenário não é nada simpático.

Mesmo com o MiCA a pôr ordem na casa das criptomoedas na Europa (como falámos noutra altura), e com a economia interna a andar para a frente aos poucos (apesar de desafios como o esgotar dos recursos anuais mais cedo, que vimos hoje), as políticas protecionistas de uma potência como os EUA são uma nuvem negra que paira sobre a previsibilidade e estabilidade do comércio mundial.

A ideia de Trump de dar a volta à economia americana, reduzindo o consumo do que vem de fora e dando força à produção cá dentro, é uma bandeira que ele agita com convicção. Mas é uma bandeira que cheira a guerra comercial e pode trazer dissabores para o resto do mundo, incluindo Portugal, que vê com preocupação as nuvens que se juntam no horizonte do comércio internacional. É esperar para ver se a coisa vai mesmo por aí e quais serão as consequências no terreno.