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Jovens Artesãos Digitais Revolucionam o Artesanato Português com Tecnologia e Tradição

Em Portugal, uma nova geração de artesãos alia técnicas ancestrais a ferramentas digitais, revitalizando o setor artesanal e conquistando mercados internacionais.

Sofia Ribeiro Almeida Sofia Ribeiro Almeida Jornalista de Tecnologia, Ciência, Saúde, Meio Ambiente e Clima | Porttugal
6 Minutos
2025-05-05 14:56:00
Jovens Artesãos Digitais Revolucionam o Artesanato Português com Tecnologia e Tradição

A Nova Geração de Artesãos: Entre o Passado e o Futuro

Em Portugal, o artesanato sempre foi um reflexo da identidade cultural, transmitido de geração em geração. Actualmente, o país conta com mais de 15 mil artesãos registados no Sistema de Informação do Artesanato (SIPA), mas é entre os mais jovens que surge um novo impulso: a digitalização do fazer manual. Jovens artesãos estão a reinventar esta tradição, incorporando tecnologias digitais para criar peças únicas que combinam o saber ancestral com a inovação contemporânea. Esta tendência tem ganho força especialmente na última década, com o aumento da formação superior em áreas como design, novas tecnologias e empreendedorismo criativo.

Na cidade de Viana do Castelo, por exemplo, três jovens licenciados do Instituto Politécnico criaram o projecto Raízes 3D, que utiliza impressão 3D e scanner digital para produzir esculturas e joalharia inspiradas nas tradições locais, como o traje vianense e os corações de Viana. Com mais de 200 peças vendidas em apenas seis meses, este "artesanato tecnológico" permite preservar elementos culturais em peças modernas e funcionais, captando o interesse de turistas e coleccionadores. Recentemente, o projecto foi distinguido com uma menção honrosa no Prémio Nacional de Inovação Artesanal, promovido pelo CEARTE.

Em Braga, a startup Shairart desenvolveu uma plataforma online que conecta artesãos portugueses a compradores globais, contando já com mais de 2.500 utilizadores registados em 21 países. A plataforma promove o artesanato português no mercado internacional, oferecendo aos criadores ferramentas de gestão de vendas, visibilidade digital e consultoria em design de produto. Desde a sua criação, já permitiu a comercialização de mais de 30 mil peças em mercados como Alemanha, França, Japão e Brasil, contribuindo para o aumento das exportações do sector.

Outro exemplo inspirador é o da associação Ofício+, sediada em Évora, que tem apoiado jovens artesãos com oficinas partilhadas e residências criativas que ligam tradição e inovação. Mais de 80 jovens criadores participaram nos programas da associação desde 2020, produzindo desde tapeçarias reinterpretadas com sensores tácteis a mobiliário ecológico com madeira reutilizada.

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Educação e Inovação: O Papel das Instituições Académicas

As instituições de ensino têm desempenhado um papel crucial na formação desta nova vaga de artesãos. A Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto oferece cursos que combinam técnicas tradicionais com design contemporâneo, e conta com um laboratório de prototipagem rápida (FABLab) onde estudantes testam aplicações de corte a laser, impressão 3D e materiais compostos. Actualmente, mais de 60 alunos por ano participam em disciplinas que incluem práticas artesanais aplicadas ao design de produto, moda e escultura.

A Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (ESAD.CR), do Politécnico de Leiria, também promove programas interdisciplinares que incentivam a experimentação e a inovação no artesanato, tendo colaborado em 2023 com mais de 30 artesãos locais para desenvolver novas linhas de produtos com base em métodos sustentáveis e tecnologias digitais. Estes projectos incluem o uso de argilas biodegradáveis, biotêxteis e resíduos industriais reutilizados.

Além disso, iniciativas como a Oficina do Empreendedor Digital, da Startup Madeira, têm oferecido formação em competências digitais para artesãos, impactando directamente mais de 120 participantes entre 2021 e 2024, com workshops sobre e-commerce, branding, automação de produção artesanal e até inteligência artificial aplicada ao marketing de produtos feitos à mão. Estas acções têm contribuído para o aumento da presença online dos criadores, com muitos a reportarem crescimentos de 50% nas vendas anuais após a formação.

Sustentabilidade e Responsabilidade Social

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A sustentabilidade é uma preocupação crescente entre os jovens artesãos, muitos dos quais integram práticas ecológicas como parte da identidade dos seus produtos. Em Borba, no Alentejo, mais de uma dezena de artesãos expõem trabalhos que utilizam materiais reciclados, cerâmica de refugo e técnicas ecológicas em feiras locais apoiadas pelo município. A feira anual "Artesanato Vivo Sustentável", realizada desde 2019, atrai cerca de 5.000 visitantes por edição e gera oportunidades de negócio local, fomentando também trocas intergeracionais de saberes entre mestres e aprendizes.

Na ilha de São Miguel, nos Açores, o projecto "Tecelagem Circular" visa recuperar a tradição do tear através de resíduos têxteis recolhidos em hotéis e fábricas da região. Desde 2022, mais de 1,2 toneladas de tecidos foram reaproveitadas para a criação de mantas, sacos e acessórios vendidos em lojas de produtos locais e em plataformas digitais.

Estas práticas não só reduzem o impacto ambiental como também valorizam os recursos locais, contribuindo para a coesão social e o dinamismo económico de regiões menos favorecidas. As autarquias têm desempenhado um papel relevante, com programas como o "Valorizar Rural", que financia projectos artesanais com base comunitária em localidades com menos de 2.000 habitantes.

O Futuro do Artesanato Português

A integração de tecnologia no artesanato português representa uma oportunidade concreta para revitalizar o sector, atrair novos públicos e preservar a herança cultural. Dados do Observatório do Artesanato indicam que o mercado artesanal digital em Portugal tem crescido a uma taxa de 8% ao ano desde 2020, com tendência de aceleração até 2030, especialmente no segmento de exportação.

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Com o apoio de instituições académicas, startups, programas municipais e iniciativas governamentais como o "Artesanato+" do IEFP, os jovens artesãos estão a posicionar Portugal como um líder europeu na inovação artesanal. A par disso, o programa Portugal 2030 prevê um envelope financeiro de 20 milhões de euros para fomentar o empreendedorismo criativo e o artesanato inovador, com candidaturas abertas até ao final de 2025.

O futuro do sector parece promissor, alicerçado numa combinação equilibrada entre tradição, criatividade e tecnologia. Esta nova geração de artesãos não só carrega a responsabilidade de preservar o passado, como está a traçar novas rotas para um artesanato português mais sustentável, global e conectado ao século XXI.