O ambiente laboral em Portugal enfrenta um desafio crescente: o aumento significativo de casos de assédio no trabalho. Segundo um estudo recente do Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (Labpats), cerca de 27,7% dos trabalhadores portugueses relataram ter sido vítimas de assédio laboral em 2024, um aumento notável em comparação com os 16,5% registrados em 2021/22.
O assédio laboral não se limita a comportamentos explícitos ou agressivos. Muitas vezes, manifesta-se de forma subtil, como o isolamento do trabalhador, críticas constantes ou a atribuição de tarefas humilhantes. Estas práticas, embora menos visíveis, têm um impacto profundo na saúde mental dos profissionais.
A psicóloga Tânia Gaspar, coordenadora do estudo, destaca que "para algumas gerações, isto era comum e a pessoa nem percebia bem se nalguns casos era normal". No entanto, a crescente conscientização sobre o tema tem levado mais pessoas a reconhecerem e denunciarem estas situações.
O estudo também revela uma ligação direta entre o assédio laboral e o aumento de casos de burnout. Trabalhadores vítimas de assédio apresentam níveis mais elevados de stress, ansiedade e exaustão emocional. Em muitos casos, os sintomas intensificam-se ao ponto de afetar a qualidade de vida fora do ambiente de trabalho.
"Quando apanho na clínica casos de 'burnout', em muitos casos é por assédio. A pessoa já não aguenta a situação e começa a ter sintomas de ansiedade ao domingo à noite só de pensar que vai ter de enfrentar aquela pessoa", afirma Gaspar.
Face a este cenário, torna-se imperativo implementar medidas eficazes para prevenir e combater o assédio laboral. Entre as ações recomendadas estão:
Criação de Códigos de Conduta: Empresas devem estabelecer normas claras contra o assédio, promovendo um ambiente de respeito e inclusão.
Canais de Denúncia: Disponibilizar meios confidenciais para que os trabalhadores possam reportar casos de assédio sem medo de retaliação.
Formação e Sensibilização: Realizar workshops e sessões informativas para educar colaboradores e gestores sobre o que constitui assédio e como preveni-lo.
Apoio Psicológico: Oferecer suporte emocional e psicológico às vítimas, ajudando-as a lidar com as consequências do assédio.
Além das ações internas nas empresas, é fundamental que instituições governamentais e organizações da sociedade civil desempenhem um papel ativo na luta contra o assédio laboral. Campanhas de sensibilização, legislação rigorosa e fiscalização eficaz são essenciais para criar um ambiente de trabalho seguro para todos.