A crise habitacional em Portugal atingiu proporções alarmantes em 2025. Com rendas a disparar e o preço das casas a tornar-se incomportável para grande parte da população, a habitação tornou-se o tema central das eleições legislativas marcadas para 18 de maio.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, as rendas subiram 11% no segundo trimestre de 2023, com Lisboa a liderar com 11,03 euros por metro quadrado. A situação agravou-se com o aumento das taxas de juro, afetando 87% dos titulares de empréstimos hipotecários com taxas variáveis.
Este cenário levou a uma onda de protestos em várias cidades, com milhares de pessoas a exigirem soluções para a crise habitacional. As manifestações, organizadas por movimentos como "Casa para Viver", tornaram-se frequentes, refletindo o descontentamento generalizado da população.
O PS, liderado por Pedro Nuno Santos, propõe reforçar o programa "Mais Habitação", com foco na construção de habitação pública e incentivos ao arrendamento acessível. No entanto, o partido enfrenta críticas devido a denúncias relacionadas com propriedades do líder, o que pode afetar a credibilidade das suas propostas.
A coligação entre PSD e CDS, conhecida como Aliança Democrática, liderada por Luís Montenegro, defende a liberalização do mercado imobiliário e incentivos fiscais para a construção de novas habitações. Contudo, o partido foi abalado pelo caso Spinumviva, envolvendo uma empresa imobiliária da família de Montenegro, o que levantou questões sobre conflitos de interesse.
O partido Chega, liderado por André Ventura, propõe medidas como a redução de impostos sobre a construção e a penalização de imóveis devolutos. Ventura também defende a revisão das políticas de imigração, argumentando que a pressão migratória contribui para a crise habitacional.
A Iniciativa Liberal aposta na desregulamentação do mercado e na redução da carga fiscal sobre a habitação. O partido acredita que a liberalização do setor incentivará a construção e reduzirá os preços.
Ambos os partidos defendem um aumento significativo da habitação pública e o controlo de rendas. Propõem também a revogação de medidas como os "vistos gold" e incentivos fiscais a investidores estrangeiros, que consideram ter contribuído para a especulação imobiliária.
O Volt Portugal, liderado por Ana Carvalho, apresenta propostas inovadoras, como a promoção de habitações multigeracionais, inspiradas em modelos europeus. O partido defende ainda a construção de habitação pública suficiente para representar pelo menos 10% do mercado e a implementação de políticas que facilitem o acesso dos jovens à habitação.
A crise habitacional em Portugal é, sem dúvida, o tema dominante das eleições legislativas de 2025. Com propostas variadas e abordagens distintas, os partidos políticos tentam responder às exigências de uma população cada vez mais afetada pela dificuldade em aceder a uma habitação digna e acessível. O desfecho destas eleições poderá definir o rumo das políticas de habitação no país nos próximos anos.