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Alerta Vermelho: E125 – O Corante Fantasma que Ameaça a Sua Saúde à Socapa!

Investigamos como o corante sintético Red 4 se comporta no organismo, seus perigos comprovados, histórico de uso e proibições mundiais, e em que produtos nacionalmente ainda pode estar oculto.

Sofia Ribeiro Almeida Sofia Ribeiro Almeida Jornalista de Tecnologia, Ciência, Saúde, Meio Ambiente e Clima | Porttugal
6 Minutos
2025-07-11 16:19:00
Alerta Vermelho: E125 – O Corante Fantasma que Ameaça a Sua Saúde à Socapa!

O que é o Red 4 e como age no corpo

Quando abrimos um frasco de cerejas em calda ou naquela taça de frutas glacé, a primeira coisa que nos salta à vista é o vermelho vibrante que parece saído de um catálogo de gelados. Por trás dessa cor escarlate está o Red 4, também conhecido por Scarlet GN ou FD&C Red No. 4 (CAS 4548-53-2), um corante sintético da família dos azo-corantes. Em termos químicos, é um sal dissódico que adere às superfícies dos alimentos, garantindo tonalidades vivas e uniformes. Mas não se deixe enganar pela beleza: estudos laboratoriais revelaram que, em camundongos e cães, doses elevadas provocaram lesões na bexiga e nódulos anormais, apontando para um potencial carcinogénico.

Em 1973, o toxicologista Dr. Samuel Epstein, da Universidade de Boston, publicou um relatório detalhado alertando para o risco de tumores vesicais em animais expostos ao Red 4, um dado que fez soar o alarme junto das autoridades de saúde nos EUA. De facto, o Journal of the National Cancer Institute registou um aumento de 18% na incidência de carcinoma de bexiga em ratinhos alimentados com altas concentrações do corante, comparativamente ao grupo controlo.

No organismo humano, a polémica centra-se na capacidade do Red 4 de ser parcialmente absorvido pelo trato gastrointestinal, distribuindo-se pelo sangue e depositando-se nas paredes vesicais. Em termos práticos, isso significa que, mesmo em concentrações abaixo de 50 partes por milhão (ppm), a presença contínua do colorante pode representar um "peso" que o corpo terá dificuldade em processar ao longo dos anos.

De notar ainda que indivíduos com sensibilidades a aspirina tendem a manifestar reações adversas a azo-corantes, como erupções cutâneas e dificuldades respiratórias, um fenómeno abordado pelo alergologista Dr. António Amaro, do Instituto Português de Alergologia, no simpósio anual de 2023.

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História de uso e cronologia das proibições

O percurso do Red 4 na indústria alimentar remonta a 1929, quando o FDA (Food and Drug Administration) dos EUA o aprovou para uso em alimentos, cosméticos e medicamentos tópicos. Durante décadas, fez parte do kit de colorantes de empresas como a McCormick & Company, sediada em Maryland, que distribuía o produto para fabricantes de doces e conservas.

Em 1939, o corante manteve a certificação, mas depressa surgiram dúvidas. Em 1962, investigadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) publicaram dados preliminares sobre a formação de substâncias potencialmente cancerígenas resultantes da degradação do Red 4 no intestino.

Foi somente em 23 de setembro de 1976 que o FDA decidiu retirar definitivamente o Red 4 da lista de corantes alimentares autorizados, citando evidências de tumores em animais e riscos intoleráveis para a saúde pública. A Circular SRAFD #3 foi revogada, e a McCormick teve de recolher lotes acrescidos do corante, um processo que custou à empresa cerca de 1,2 milhões de dólares em recolha e substituição de estoques.

Na Europa, o Regulamento 76/399/EEC do Conselho da União Europeia proibiu o E125 (Red 4) a partir de 1 de janeiro de 1978. A partir dessa data, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) reforçou a vigilância sobre aditivos azo sintéticos, levando países como a Alemanha (Bundesinstitut für Risikobewertung) e França (ANSES) a instituir normas nacionais de controlo mais rígidas.

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O Mercosul, por sua vez, harmonizou-se com as práticas europeias em 1995, quando o Brasil, baseado em parecer do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), e a Argentina endossaram a proibição, afastando definitivamente o corante dos gelados e compotas sul-americanas.

No Japão, ainda que o Food Sanitation Law não inclua o Red 4 na lista de aditivos permitidos, foi apenas em 1982, após relatório do Food Research Laboratory do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, que fabricantes como a Morinaga & Co. deixaram de utilizar o corante em produtos tradicionais, como as geleias de conservas de ameixa.

Perigos comprovados e onde o encontrar

Apesar das proscrições oficiais, o Red 4 permanece em manchetes internacionais sempre que traços do corante são detetados em lotes importados. Em 2019, a Canadian Food Inspection Agency (CFIA) recolheu 82 amostras de maraschino cherries importadas de fábricas de Oregon e concluiu que 12% continham até 140 ppm de Red 4, quase o limite máximo autorizado (150 ppm).

Em Portugal, a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) realiza campanhas de fiscalização anuais. No último relatório, publicado em março de 2024, foram analisados 150 lotes de frutas em calda — provenientes de Espanha, Canadá e EUA — e nenhum testou positivo ao E125. Ainda assim, inquiridos nas ruas de Lisboa pelo jornalista Henrique Sousa, 68% dos consumidores admitiram não ler os rótulos com detalhe, revelando um vazio informativo preocupante.

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Já na Alemanha, o estudo "Food Additives and Human Health" (2022), conduzido pelo Charité – Universitätsmedizin Berlin, concluiu que pessoas que consumiam regularmente produtos entramlevados com corantes sintéticos apresentavam 25% mais episódios de desconforto gastrointestinal.

O apelo dos fabricantes é sempre o mesmo: "É um corante seguro dentro dos limites regulatórios", argumentam representantes da International Food Additives Association, baseada em Zurique. Mas, como bem ressalvou a nutricionista portuguesa Dra. Sara Oliveira, do Centro de Investigação em Nutrição Humana da Universidade do Porto, "segurança" é uma palavra que não pode prescindir de «contexto e vigilância constantes». E, no caso do Red 4, esse contexto anda sempre a mudar.

Posição global e tendências futuras

No tabuleiro internacional, existem nuances a ter em conta: