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Amarelo 6: Corante Laranja Que Traz Dores de Cabeça e Problemas de Pulmões

O corante sintético Yellow 6 (Sunset Yellow FCF – E110) invade bebidas, doces e molhos; saiba efeitos no organismo, histórico de regulamentação e por que o Texas exige hoje rótulos de aviso.

Sofia Ribeiro Almeida Sofia Ribeiro Almeida Jornalista de Tecnologia, Ciência, Saúde, Meio Ambiente e Clima | Porttugal
5 Minutos
2025-07-15 13:04:00
Amarelo 6: Corante Laranja Que Traz Dores de Cabeça e Problemas de Pulmões

O que é o Yellow 6 e para que serve

O Yellow 6, conhecido na gíria técnica como Sunset Yellow FCF (Disodium 6‑hydroxy‑5‑[(4-sulfophenyl)azo]‑2-naphthalenesulfonate, CAS 2783‑94‑0), é um corante sintético pertencente à família dos azo. Tem um vibrante tom alaranjado que faz piscar os olhos em bebidas gasosas, gelados artesanais e molhos cremosos à venda, por exemplo, nos supermercados Continente e Pingo Doce em Lisboa e no Porto. A sua utilização data das décadas de 1950 e 1960, altura em que as indústrias de refrigerantes — como a Sumol e a Compal — começaram a potenciar cores mais vivas para atrair o consumidor.

Apesar de ser estável à temperatura ambiente, em situações de calor extremo (como num incêndio industrial) pode degradar-se em subprodutos potencialmente tóxicos — um alerta levantado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) em 2018.

Efeitos no organismo e potenciais riscos

Embora a Agência Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) e a Food and Drug Administration (FDA) considerem que o Yellow 6 não apresenta evidência conclusiva de ser cancerígeno em humanos, estudos da Universidade de Leicester, no Reino Unido, indicam que em ratos elevados níveis de exposição podem desencadear alterações reprodutivas e formação de tumores nos testículos e glândulas adrenais. No entanto, tais conclusões derivam de doses muito acima daquelas habitualmente ingeridas numa dieta comum.

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Em Portugal, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) estabeleceu uma Ingestão Diária Aceitável (IDA) de 1 mg/kg de peso corporal, em linha com a União Europeia, enquanto o FDA nos EUA mantém um teto de 3,75 mg/kg. Para se ter uma ideia, um adulto de 70 kg atingiria o limite europeu consumindo cerca de seis latas de refrigerante com 100 mg de Yellow 6 cada.

Crianças com histórico de asma ou dermatite atópica, referenciadas pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, podem apresentar maior predisposição a reações alérgicas como urticária e prurido, ainda que casos graves sejam raros.

Regulação e cronologia global

Em 1994, a Diretiva 94/36/CE harmonizou, na União Europeia, a lista de corantes permitidos, incluindo o Yellow 6 (E110). Contudo, em agosto de 2009, a FSA (Food Standards Agency) do Reino Unido recomendou a inclusão de um aviso nos rótulos: «pode ter efeitos adversos na actividade e atenção de crianças», com vigor em 2010.

Nos EUA, o FD&C Yellow 6 foi aprovado nos anos 60. O Center for Science in the Public Interest (CSPI) apresentou em 2008 uma petição ao FDA para revisão dos estudos de segurança, sem que houvesse redução nos limites permitidos.

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No Brasil e na Argentina, a ANVISA e a Administración Nacional de Medicamentos, Alimentos y Tecnología Médica (ANMAT) seguem os padrões do Codex Alimentarius, estabelecendo níveis máximos semelhantes aos da UE.

No Japão, o corante figura na lista Food Yellow No. 5, sob supervisão da Food Safety Commission of Japan, limitando-o a certos lanches e bebidas.

Yellow 6 em Portugal

Em gôndolas de hipermercados como Auchan e Lidl, presença de Yellow 6 destaca-se em sumos de máquina — onde combinações cítricas e tropicais ganham cor — e em gelados de rua oferecidos por gelatarias artesanais de Cascais. Em 2022, a ASAE realizou 742 inspeções em produtos com alegações de «zero corantes artificiais», detectando incumprimentos em 18% dos casos.

Utilizadores do aplicativo Open Food Facts Portugal referem mais frequentemente a marca Frize Laranja como contendo E110, bem como o xarope Aromakids, popular em festas infantis.

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O alerta do Texas e o SB 25

No dia 22 de junho de 2025, o Senado do Texas aprovou o Projeto de Lei 25 — apelidado de "Make Texas Healthy Again" — que exige, a partir de 1 de janeiro de 2027, rótulos de advertência em produtos alimentares que contenham aditivos banidos ou rotulados em países como a UE, Reino Unido, Canadá e Austrália. O Sunset Yellow FCF (E110) consta na lista, tal como o amarelo quinoleína (E104) e o vermelho allura (E129).

Se o governador Greg Abbott sancionar o projeto, o Departamento de Saúde do Texas terá de publicar guidelines até março de 2026 para definir formatos e elementos dos rótulos de aviso.

Este novo regulamento poderá influenciar não só o mercado norte-americano mas também lançar um precedente para outros estados dos EUA. Entre as críticas, destacam-se as da Texas Food & Fuel Association, que teme aumento de custos para pequenos produtores locais.

Consciência e ação do consumidor

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Com base em dados de 2024 do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Portugal, o consumo médio anual de refrigerantes per capita situa-se nos 42 litros — o que equivale a cerca de 600 mg de Yellow 6 ingeridos, ultrapassando a IDA de uma pessoa de 60 kg (60 mg) em dez vezes.

Perceber o rótulo dos produtos pode ser o primeiro passo para reduzir riscos. Optar por versões sem corantes artificiais, produtos biológicos ou refrescos artesanais de microcervejeiras e queijarias locais, ou mesmo preparar sumos naturais em casa — muitas famílias no Algarve recorrem a laranjas da Costa Vicentina — são alternativas saudáveis.

Face a tanta cor no prato, importa questionar: queremos realmente consumir aditivos cuja única função é agradar à vista?

Nesta série "Perigo Invisível no Prato", vamos informá-lo sobre os riscos que corre ao consumir alimentos com estas substâncias. Segue abaixo uma lista com os 40 ingredientes alimentares que estão na mira do Projeto de Lei 25 (SB 25) do Texas:

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À medida que desvendamos o complexo mundo dos aditivos alimentares, ingrediente a ingrediente, a teia da indústria alimentar começa a revelar os seus segredos. Cada substância analisada não é apenas um nome num rótulo, mas sim um capítulo na história da nossa alimentação, com um propósito específico, um percurso regulatório e, mais importante, potenciais implicações para a nossa saúde.