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Alúmen de Potássio: O Perigo Para a Cabeça e Ossos Que Pode Chegar à Sua Mesa

Descubra desde a origem deste aditivo alimentar até às limitações na UE, EUA e Mercosul, passando pelos potenciais efeitos no organismo humano e pelo impacto do Projeto de Lei ‘Make Texas Healthy Again’ do Texas.

Sofia Ribeiro Almeida Sofia Ribeiro Almeida Jornalista de Tecnologia, Ciência, Saúde, Meio Ambiente e Clima | Porttugal
5 Minutos
2025-07-09 17:25:00
Alúmen de Potássio: O Perigo Para a Cabeça e Ossos Que Pode Chegar à Sua Mesa

Origens e usos milenares do “alumen” à mesa moderna

Recordo-me de, em criança, ver o minhoto António queixarse das suas aventuras nas tecedeiras de Guimarães: o “alumen” mantinha as cores vivas nos linhores, diziam. Pois esse mesmo composto, KAl(SO₄)₂·12H₂O, que Plínio e Dioscórides já referiam há mais de 2 500 anos, acabou por saltar da indústria têxtil para a cozinha europeia. No século XIX, os padeiros de Londres brigavam com a Polícia do Pão (estabelecida pela Sale of Food and Drugs Act de 1875) para usar o potássio alum no branqueamento de pães, receosos de mudar sabores que os londrinos já conheciam bem. Foi aí que se decretou a proibição no Reino Unido, empurrando o aditivo para outras paragens: França abraçou-o na pastelaria de Toulouse e, mais tarde, a Burguesia portuense começou a apreciar as cerejas cristalizadas com aquele brilho próprio dos doces de forasteiro.

A Revolução Industrial trouxe uma fábrica em Algés que, em 1882, exportava cerejas cristalizadas para a Corte de Viena; em 1905, o Empório Silva & Cunha já rotulava “POTASSIUM ALUM” nos recipientes importados. Hoje, o Regulamento (EC) No 1333/2008 e o 231/2012 mantêm o E522 (alumínio de potássio) autorizado, mas apenas para usos muito restritos: cerejas cocktail, merengues de Oeiras e, vejam lá, claras de ovo líquida vendida nos hipermercados do Algarve.

O retoque químico que chega ao nosso organismo

Cada vez que trazemos ao estômago um pedacinho de bolo de cereja ou um merengue da Confeitaria Nacional, o potássio alum começa a soltar íons Al³⁺. Investigadores do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET) em Oeiras alertam: embora o consumo médio diário em Portugal seja de apenas 0,05 mg de alumínio por cada quilo de peso, a proximidade ao limite estabelecido pelo JECFA (1 mg/kg/semana) faz-nos franzir o sobrolho quando pensamos em frequentadores assíduos de confeitarias ou em doentes renais crónicos acompanhados pela Unidade de Diálise do Hospital de São João, no Porto. Em 2018, a EFSA apurou que crianças entre 3 e 9 anos podiam atingir até 0,88 mg/kg de peso corporal em picos de consumo, quase a ultrapassar o tolerável – o que fez soar alarmes em escolas de Lisboa, onde programas de lanche saudável já excluíram doces com aditivos de alumínio.

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Sabe-se também que o alumínio acumulado no corpo tende a depositar-se nos ossos — estudos da Universidade de Coimbra mostraram redução de densidade mineral óssea em ratinhos expostos cronicamente — e há mesmo rigorosos ensaios clínicos na Universidade do Minho para analisar potencial neurotoxicidade. Foram publicados, em maio de 2024, resultados preliminares a ligar exposição excessiva a alterações de comportamento em modelos animais, o que levanta questões sobre impactos a longo prazo em populações mais vulneráveis.

Onde espreitar o E522 no carrinho de compras

Em qualquer hipermercado do Continente, procure no rótulo: