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Iodato de Potássio: O Sal Amigo da Tiroide com Riscos Escondidos na Dose?

Esta investigação revela como o iodato de potássio age no organismo, os potenciais riscos à saúde, as motivações para a sua adição aos alimentos e as diferentes posições regulatórias globais.

Sofia Ribeiro Almeida Sofia Ribeiro Almeida Jornalista de Tecnologia, Ciência, Saúde, Meio Ambiente e Clima | Porttugal
6 Minutos
2025-07-10 13:03:00
Iodato de Potássio: O Sal Amigo da Tiroide com Riscos Escondidos na Dose?

O que é o iodato de potássio e como funciona no organismo

O iodato de potássio (KIO₃) apresenta-se como um pó cristalino branco, solúvel em água, cuja introdução na alimentação humana ganhou relevo logo no início do século XX. Tal composto fornece iodo — elemento essencial para a produção dos hormônios tireoidianos tiroxina (T₄) e triiodotironina (T₃). Estes hormonas são cruciais para o metabolismo basal, influenciação do ritmo cardíaco, desenvolvimento neurológico em recém‑nascidos e crianças, bem como na manutenção da temperatura corporal. Em Portugal, os dados mais recentes do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em colaboração com a Direção-Geral da Saúde, mostram que cerca de 35% dos adultos apresentam ingestão de iodo abaixo das 150 µg/dia recomendadas, deixando uma parte considerável da população vulnerável a disfunções tiroideias.

No Departamento de Química da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a investigadora Ana Ribeiro explica que o iodato de potássio brilha pela sua resistência: «Diferentemente do iodeto, que se degrada quando exposto a humidade ou calor, o iodato permanece estável, evitando perdas de iodo durante o transporte e armazenamento», sublinha. Esta característica torna-o especialmente valioso em regiões de clima tropical ou subtropical — casos clássicos das campanhas de saúde pública na Amazónia, no nordeste do Brasil ou em várias nações do Sudeste Asiático, onde a fortificação com iodato demonstrou melhores resultados a longo prazo.

Potenciais riscos e efeitos adversos

Dosagem e equilíbrio são palavras de ordem: o iodo é um nutriente essencial, mas em excesso pode gerar problemas. Ainda segundo a endocrinologista Mariana Matos, do Hospital de Santa Maria (Lisboa), houve um acréscimo de 12% nos casos de hipertireoidismo relacionados com suplementação exagerada em 2019. «Temos visto pacientes com ansiedade, tremores finos nas mãos, insónias e até palpitações cardíacas motivadas por doses que ultrapassam os 600 µg/dia», relata.

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Em contexto de hipersensibilidade, estudos da Agência Europeia para a Segurança Alimentar apontam que ingestões superiores a 1.100 µg diários podem irritar o revestimento do estômago, originando náuseas, dores abdominais e, em casos extremos, ulceração da mucosa gástrica. Um estudo publicado pela Faculdade de Medicina da Universidade Nova de Lisboa documentou cinco episódios de gastrite erosiva associados a suplementação excessiva de iodo, observados entre 2020 e 2023 no Hospital de São João, no Porto.

A nível autoimune, a investigadora do Centro de Estudos de Doenças Autoimunes da Universidade do Porto, Dra. Rita Ferreira, alerta para o agravamento de tiroidites: «Indivíduos com tendência genética para autoimunidade podem ver um aumento da inflamação glandular quando expostos a picos elevados de iodo.»

Quando e porquê se adotou na indústria alimentar

A fortificação de sal com iodo começa em 1922, na Suíça, onde se combateu de forma eficaz o bócio endémico nas regiões alpinas. Pouco depois, em 1924, os Estados Unidos seguem o exemplo, mas optam pelo iodeto de potássio por ser mais barato. Contudo, em ambientes quentes e húmidos, o iodato rapidamente se assume como alternativa superior.

No Brasil, a ANVISA institui em 1956 a obrigatoriedade do iodato de potássio no sal de mesa. A medida, reforçada por programas estatais de controle nutricional em municípios do Maranhão e Piauí, reduziu a incidência de bócio em mais de 70% até final da década de 1960. O endocrinologista Carlos Eduardo Nunes, da Universidade Federal do Ceará, recorda: «Aqueles anos foram determinantes. Vi crianças deixarem de apresentar bócio gigante graças ao novo sal.»

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Em Portugal, embora sem obrigatoriedade legal, várias marcas nacionais — Sal Pingo Doce Iodado, Saldomar Cristal Iodado e Sal Marinho Iodado Continente — adicionam entre 20 e 50 mg de iodato por quilograma. A Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e Metabolismo, em parceria com a OMNICARE, promove campanhas em farmácias para sensibilizar sobre a leitura de rótulos e a necessidade de consultar o médico antes de iniciar qualquer suplementação.

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